Acoes Provocativas

fevereiro 07, 2006

Libertem os bebês das fraldas!

Liga nois milidias no site Nominimo, correria gringa ativista anti consumo industrial de fraldas, uscambau: Diaperfreebaby.org.
Se pam aqui em Pindorama tem alternativa das fabriquinhas individuais de fraldas feitas e casa, por agentes independentes, autônomos e descentralizados.
Olha a conversa no site Nominimo:
Fraldas nunca mais
6.11.2005 - Adriana Maximiliano

De uma hora para outra, os bebês e seus penicos invadiram o noticiário americano. Deu na "Newsweek", na "People", no "Boston Globe", na CBS, NBC e ABC, na capa do "New York Times" e no jornalzinho do meu bairro. Mães, pediatras, psicólogos, ecologistas e apresentadores de TV estão discutindo se os bebês devem ou não viver sem fraldas desde o primeiro dia de vida. O movimento Diaper-Free (Livre das Fraldas) começou a ganhar força nos Estados Unidos quando duas mães de Boston criaram, há dois anos, a Diaperfreebaby.org, uma rede de apoio aos pais que praticam com seus filhos a comunicação da eliminação (EC, na sigla em inglês). Para eles, os bebês são capazes de avisar quando precisam ir ao banheiro e os pais devem aproveitar a oportunidade para "dialogar" e dispensar a fralda.

"Se uma criança é capaz de algo, por que não deixá-la fazer? A EC traz benefícios para minha filha, que nunca fica suja, não tem assadura e aprende a usar seus músculos mais cedo, para minha família, porque economizo dinheiro e me comunico melhor com o bebê, e para o meio ambiente, porque produzo menos lixo", diz a co-fundadora da Diaperfreebaby.org Melinda Rothstein, de 31 anos, que é mãe de Hannah, de 8 meses, e Samuel, de 3 anos. Adepta do attachment parenting - ou criação afetuosa -, Melinda segue uma cartilha rígida de entrega aos filhos: Hannah, por exemplo, nasceu de parto natural em casa; dorme na cama dos pais; mama no peito; é imediatamente atendida quando chora; passou a maior parte de sua vida num sling - espécie de faixa que mantém o bebê junto ao corpo materno; está aprendendo a linguagem dos sinais com a mãe para se comunicar antes de aprender a falar; é tratada com homeopatia e, claro, usa o penico desde que nasceu.

A comunicação da eliminação é o mais novo e polêmico capítulo do attachment parenting. "Entendo que muitas pessoas fiquem chocadas. Depois de décadas de escolhas convenientes para os pais e ruins para os filhos, parar de usar fralda é uma grande mudança cultural, um retrocesso. Mas nem todas as invenções modernas são positivas. Preservativos e pesticidas não fazem o menor sentido para mim. Acho mais sensato olhar para as crianças e ver que a EC é uma oportunidade de aprender algo novo, revivendo um hábito antigo de cuidados com o bebê, anterior às fraldas", explica Melinda.

Como africanas e asiáticas

O movimento Diaper-Free é inspirado em mães de países da África e da Ásia que, sem outra opção, criavam as crianças sem fralda. Autora de dois dos três únicos livros sobre comunicação da eliminação nos Estados Unidos (" Infant Potty Training: A Gentle and Primeval Method Adapted to Modern Living" e "Infant Potty Basics: With or Without Diapers, the Natural Way"), Laurie Boucke é uma das pioneiras entre as mães americanas. Ela aprendeu o método com uma amiga indiana no início dos anos 80. "Eu usei o método convencional com meus dois filhos mais velhos, mas tive a oportunidade de fazer diferente com o caçula, que hoje tem 25 anos. Ele tinha três meses quando aprendi o infant potty training (treinamento de penico para bebê, nome que Laurie deu em seus livros para a comunicação da eliminação) e, depois disso, raramente precisou de fralda. Todo o processo foi ótimo e ele não teve qualquer problema psicológico. Mas, infelizmente, muitas mães na Ásia e em algumas partes da África estão começando a usar fraldas descartáveis, que agora são vendidas em qualquer esquina. Elas querem ser modernas, ocidentais", conta Laurie, que citou mães e bebês de tribos indígenas brasileiras em seu primeiro livro.

Comunicação da eliminação, higiene natural do bebê e infant potty training são péssimos nomes para o mesmo método, como as próprias mães do Diaper-Free admitem. "É algo tão natural para asiáticas e africanas que nem sequer tinha um nome. Aqui nos Estados Unidos, já ganhou três, mas nenhum deles traduz bem o que é a EC. Estamos em busca de um nome melhor, com uma palavra apenas", diz Melinda. O método parte de um princípio simples: os bebês demonstram que querem fazer xixi e cocô tão naturalmente quanto demonstram que querem mamar ou dormir. "Alguns bebês dão pistas claras, enquanto outros são mais subjetivos. Há os que ficam irritados ou choram antes da eliminação. Outros apenas se aquietam e ganham uma expressão tensa", indica Laurie.

Ignorar os sinais nos primeiros meses de vida pode significar mais trabalho depois, lá pelos dois anos, quando chega a hora definitiva de ensinar a usar o penico. Mas, para que as fraldas virem artigos dispensáveis na vida de um bebê recém-nascido, não basta prestar atenção aos sinais. A mãe precisa conhecer os horários do filho, estabelecer uma comunicação através de sons como "psss", seguir a intuição, ter o penico sempre à mão e jamais perder a paciência.

Quanto mais cedo começar, melhor. As defensoras do método aconselham iniciar o "diálogo" no primeiro dia de vida do bebê. "Existe uma janela de aprendizagem que vai do nascimento até os 6 meses. Começar nesta fase é muito mais fácil. Mas nunca é tarde. Fiz a comunicação da eliminação com meu primeiro filho quando ele tinha 8 meses. O mais importante é ver todo o processo como algo gostoso. O método não é um treinamento nem envolve punição. E a mãe precisa estar tranqüila para não provocar traumas no bebê", lembra Melinda.

A principal crítica dos opositores do movimento é quanto ao tempo. "Poucas mães têm disponibilidade para ficar o dia inteiro segurando um penico debaixo dos filhos. Eu acho que os métodos de livros como 'Toilet Training in Less Than a Day ' (Treinamento de Toilette em Menos de Um Dia) são mais realistas para a mulher de hoje", opina a pediatra Jenifer Gardner, do Georgetown University Hospital, de Washington. Talvez. Mas o fato é que, hoje, cerca de 2 mil pessoas de 13 países e 37 estados americanos estão inscritas na Diaperfreebaby.org. Elas tiram dúvidas e conversam sobre suas experiências em encontros mensais e fóruns online - só o Yahoo tem 58 sobre o assunto. São leitoras da revista de attachment parenting “Mothering” e compram penicos e roupas de baixo para crianças na EC Store, entre outras lojas online. Algumas se envolveram tanto que criaram sites para divulgar o método, como o Born Potty Trained. E a maioria leu os livros de Laurie Boucke ou Ingrid Bauer sobre o tema.

Freud complica

Mãe de cinco filhos, Elizabeth Parise fez EC com os dois últimos. Quando nasceu o caçula, Jack, ela descobriu a Diaperfreebaby.org. "Encontrei apoio e encorajamento nos encontros com outras mães. Hoje, consigo pegar de 50% a 90% do xixi com o penico e quase todo o cocô. E ele se sente mais confortável também quando tem gases e eu o levo para o penico. Sempre fica mais relaxado", conta Elizabeth, que acabou virando a Relações Públicas do movimento. A comunicação da eliminação é uma brincadeira para o menino de cinco meses: "Nós tentamos fazer com que esta seja uma experiência prazerosa", comenta a mãe, que usa calçolas de algodão orgânico ou de cânhamo no filho.

Nos encontros e fóruns, as mães novatas aproveitam para tirar dúvidas sobre "como fazer a EC com gêmeos", "como explicar a EC à minha sogra", "levar ou não levar o penico ao sair de casa com o bebê", "EC depois da licença-maternidade" etc... Inscrita nos principais fóruns sobre comunicação da eliminação na Internet, Laurie responde algumas questões: "Não existem regras fixas, o processo varia de bebê para bebê. Ao sair de casa, por exemplo, algumas mães preferem botar fralda em seus bebês, outras levam o penico numa bolsa e há ainda as que não se importam de usar banheiros públicos. Se a mãe trabalha o dia todo e o bebê fica com a babá ou numa creche, ela pode pedir para alguém botá-lo no penico algumas vezes por dia."

Assim como Laurie, Ingrid, a autora de "Diaper Free! The Gentle Wisdom of Natural Infant Hygiene", vendeu 50 mil livros pela Internet. Atualmente, ela faz palestras sobre comunicação da eliminação pelo país, enquanto Laurie procura mães dispostas a participar de uma pesquisa médica e um documentário. "Quando publiquei meu primeiro livro sobre o assunto, em 1991, a mídia não teve nenhum interesse. Graças à Internet, divulguei e vendi meus livros. E logo notei que a maioria das mães começa a fazer o infant potty training para ajudar o meio ambiente ou economizar dinheiro. Com o tempo, elas descobrem que os benefícios são bem maiores. Elas passam a ter uma relação mais próxima e comunicativa com seus bebês. O problema é que os pediatras ainda não falam sobre o tema nos consultórios. Então, nós estamos tentando mudar isso com uma campanha de conscientização", explica Laurie, que uniu forças com Ingrid e as mães da Diaperfreebaby.org.

Uma pesquisa da Academia Americana de Pediatria – a AAP - mostrou que a idade de deixar a fralda mudou nos últimos 20 anos. Até os anos 80 do século passado, as crianças aprendiam a usar o penico antes dos dois anos. Agora, cerca de 60% ainda usam fralda aos três. Culpa da descartável, que vai até o número 6 (para crianças até 15kg), e dos livros de psicologia infantil, que defendem a idéia de que cada criança tem seu tempo. Os que seguem a linha freudiana alertam: pais que competem para tirar a fralda dos filhos mais cedo podem transformá-los em adultos desorganizados e destrutivos e os que punem os filhos durante o processo criam adultos ditadores e fechados.

O resultado da pesquisa não parece incomodar os pediatras. O site da AAP recomenda tirar a fralda apenas depois que a criança completar dois anos. E garante que bebês com menos de um ano não têm qualquer controle sobre os movimentos dos rins e intestino. As mães do Diaper-Free discordam: "Toda vez que o bebê faz xixi, a mãe deve fazer um som, sempre o mesmo som, ou um sinal. O bebê vai associar o som ou sinal com a eliminação e, quando sentir vontade de fazer xixi, vai fazer o mesmo para você. Nós usamos "pss pss" para xixi e um som como "hmm hmm" para cocô. Nós também usamos o símbolo da linguagem dos sinais para penico. Nosso filho, de seis meses, sempre responde ao sinal de xixi. Ele senta no penico para brincar e não faz xixi até que a gente dê o sinal. (...) Eu agora rio quando leio livros sobre tirar a fralda que contêm o mito sobre bebês não terem controle dos esfíncteres urinário e anal… isto é claramente falso!", escreveu uma adepta da comunicação da eliminação em seu site pessoal, Free to EC!.

Na opinião de Laurie Boucke, o bebê terá controle antes dos seis meses de vida se começar a praticar cedo. "É verdade que recém-nascidos não têm controle muscular ou sistema nervoso desenvolvido para reter voluntariamente xixi ou cocô. Mas bebês podem relaxar imediatamente seus músculos com um simples comando se está quase na hora de fazer. Muitos médicos ao redor do mundo estão certos de que os bebês têm algum controle sobre seus músculos por volta dos cinco meses de idade. Isto acontece gradualmente se o bebê pratica", escreveu ela em seus livros.

Fralda de pano: ruim também

O processo é mais longo do que parece. Acidentes são comuns até que a criança complete um ano e meio. Para não perder tempo tirando as roupas, as mães americanas estão importando calças chinesas para bebês, que têm uma abertura entre as pernas. No lugar da fralda, a calçola de algodão orgânico ou cânhamo. A fralda de pano também é rejeitada pelo movimento Diaper-Free. "Quanto menos fraldas a gente usar, melhor. Não importa o tipo. Assim como a descartável, que demora 500 anos para se decompor, a de pano também usa recursos naturais para ser feita, limpa e decomposta, além de provocar assaduras", diz Laurie.

Um dos sites mais consultados pelas mães americanas, o DrGreene.com faz coro com a AAP no combate ao movimento Diaper-Free. Para os médicos do site, os pais só devem se preocupar em estabelecer uma comunicação por sinais com os filhos depois dos seis meses, quando chega a hora de ensinar a - antes esquisita e agora popular - linguagem dos sinais para bebês. Eles aprendem a fazer gestos para demonstrar que estão com fome, sede, dor de ouvido, com a fralda suja etc. E, segundo um estudo dos Institutos Nacionais de Saúde com crianças de oito anos, as que usaram os sinais antes das primeiras palavras são mais inteligentes do que as outras.

Nada como um teste de QI para convencer os americanos. Hoje, os principais pediatras do país consideram a linguagem dos sinais tão benéfica para a mente da criança quanto a amamentação é para o corpo. "Balançar a cabeça ou mexer a mão é muito mais fácil de aprender do que a intricada manipulação de lábios, mandíbula e língua necessária para dizer cada nova palavra. A coordenação de grandes músculos é aprendida antes da coordenação de pequenos músculos", diz o DrGreene.com, que recomenda o livro “Sinais - A Linguagem dos Bebês”, de Linda Acredolo e Susan Goodwyn, para pais de crianças com menos de três anos.

Para as mães do movimento Diaper-Free, a linguagem dos sinais e a comunicação da eliminação deviam andar de mãos dadas. Melinda explica: "Tanto uma quanto a outra facilitam a comunicação entre pais e filhos em estágios do desenvolvimento que costumam ser frustrantes para ambos. A linguagem dos sinais deve ser usada em conjunto com a EC, porque é mais simples para uma criança fazer um gesto do que imitar um som ao sentir vontade de se aliviar." Tem toda razão. Mas, diante de tantas tentativas de simplificar, o alívio nunca pareceu tão complicado.


A revolução não será televisionada :-D


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